24.12.10

o teatro, casa dos sonhos

"muitos vêem o teatro como casa
de produção de sonhos. vocês atores são vistos
como vendedores de drogas. em seus locais escurecidos
as pessoas se transformam em reis e realizam
atos heróicos sem perigo. tomado de entusiasmo
consigo mesmo ou de compaixão por si mesmo
fica-se sentado, em feliz distração esquecendo
as dificuldades do dia a dia - um fugitivo.
todo tipo de fábula preparam com mãos hábeis, de modo a
mexer com o nossas emoções. para isso utilizam
acontecimentos do mundo real. sem dúvida, alguém
que aí chegasse de repente, o barulho do tráfico ainda nos ouvidos
e ainda sóbrio, mal reconheceria sobre essas tábuas
o mundo que acabou de deixar. e também
saindo por fim desses seus locais
novamente o homem pequeno, não mais o rei
não mais reconheceria o mundo e se acharia
deslocado da vida real. muitos, é verdade
vêem essa atividade como inocente. na mesquinhez
e uniformidade de nossas vidas, dizem, sonhos
são bem vindos. como suportar
sem sonhos? mas assim, atores, seu teatro torna-se
uma casa onde se aprende a suportar
a vida mesquinha e uniforme, e a renunciar
aos grandes atos e mesmo à compaixão
por si mesmo. mas vocês
mostram um falso mundo, descuidadamente juntado
tal como os sonhos o mostram, transformado por desejos
ou desfigurado por medos. tristes
enganadores."
brecht


* "em nós, há qualquer coisa, de eterno e inconfundível, que se imprime
no sorriso, no olhar, no pensamento;
- qualquer coisa que vive além de nós
e nos assinalou
o espírito do artista."